Qual a transitividade do verbo implicar?


Quando é usado no sentido de trazer como consequência, acarretar, o verbo implicar, originalmente, é Transitivo Direto. Ou seja, é um verbo que não possui sentido completo. Sendo assim, precisa de um complemento (objeto) sem preposição, chamado de Objeto Direto. Vamos a um exemplo:
Sua decisão implicou o cancelamento dos projetos“.
Veja: não temos preposição!
Mas, por analogia de três verbos de significação semelhante (resultar em, redundar em, importar em), pelo menos no Brasil, o verbo “implicar” passou a ser usado com a preposição em, ocupando a posição de Transitivo Indireto. Isto é, um verbo que possui um complemento que se liga a ele com preposição – em outras palavras, que se liga a ele indiretamente. Como exemplo, a mesma frase:
Sua decisão implicou no cancelamento dos projetos“.
Note: há preposição -> “no” (= em + o).
Essa construção de implicar (com a preposição em) ainda não é registrada por alguns dos nossos dicionários. Mas já é citada por Celso Luft, em seu “Dicionário Prático de Regência Verbal”. Para ele, o uso já está mais do que consagrado.
Compete dizer que, nos registros clássicos, prevalece mesmo a regência direta, mas, nos registros brasileiros modernos, é provável que haja um empate entre as duas construções.
Material extraído de: (1) Pasquale Cipro Neto, em Inculta & Bela, coluna da Folha de São Paulo; (2) Brasil Escola, em sua coluna de Gramática.